A Nova Geração da Fórmula 1: O que The Seat nos mostra sobre Kimi Antonelli
- Giovanna Pavan
- há 3 dias
- 4 min de leitura
Novo documentário da Netflix coloca o piloto em ascensão diante do desafio de estrear na Mercedes
The Seat, novo curta-documental da Netflix com o WhatsApp, dirigido por Kyle Thrash, mostra os grandes momentos de tensão e de adrenalina vividos por Kimi Antonelli durante sua entrada para a Fórmula 1. Em paralelo a isso, Toto Wolff, CEO da Mercedes, é posto em contracenas, ao cotar e escolher Antonelli para substituir Lewis Hamilton, após sua ida para Ferrari anunciada no início de 2024.
Assim, com seus recém 18 anos, Kimi Antonelli teve sua estreia na F1 pela Mercedes, na Itália, em um treino livre. Apesar de ser uma boa sacada, visto que o piloto é italiano, sabe-se que ela não foi como esperada, dado o acidente ocorrido na curva do Circuito de Monza. Nele, Antonelli perdeu o controle do carro e bateu na barreira, causando uma bandeira vermelha que interrompeu o treino por 13 minutos.
O curta possui aspectos do docudrama, gênero que combina elementos de documentário e drama, apresentando eventos reais de forma dramatizada. Nessa e em outras cenas, vemos um pouco de dramatização nos bastidores. Além disso, os momentos a sós com o Kimi reforçam esse traço cinematográfico.
Antes de Wolff decidir trazer Antonelli à Mercedes, um suspense é construído no enredo, diante de cenas de Kimi na adolescência e infância correndo, em companhia de seu pai e levando prêmios da Fórmula 4. O documentário também mostra os rumores que se acendiam na mídia, após Lewis anunciar que deixaria a equipe na temporada seguinte. Há diversas opiniões sobre a possível vinda de Kimi para o time, alguns especialistas e repórteres imaginavam que poderia ser ele, pois o piloto já fazia parte da Academia de Pilotos da Mercedes desde os 12 anos de idade e foi considerado um dos talentos mais promissores do automobilismo ao longo dos anos. Em contrapartida, outros entrevistados comentaram que esse rumor não se mostrava sólido, pois Antonelli era muito novo e essa seria uma escolha arriscada para a Mercedes.
Em meio a isso, o documentário mostra que a escolha de Antonelli para substituir Lewis Hamilton na temporada de 2025 foi estratégica. A Mercedes optou por apostar em um jovem piloto com grande potencial de desenvolvimento, em vez de contratar um nome mais experiente do grid.
Wolff se mostrou paciente e entusiasmado em seus momentos à sós com as câmeras, dizendo que não colocaria pressão imediata sobre Antonelli, permitindo que ele se desenvolvesse ao longo da temporada. E no acidente em Monza, apesar de todo o aborrecimento por parte da equipe e também de seu pai, Kimi mostrou que toda a cobrança e pressão são vindas de si mesmo.
O pai de Kimi, Marco Antonelli, é uma figura importante em sua trajetória no automobilismo. Marco, que também foi piloto e fundou a Antonelli Motorsport, sempre demonstrou orgulho e apoio ao filho. Durante as cenas de ascensão de Kimi na F1, Marco enfatizou a importância do crescimento e da adaptação do jovem piloto, destacando que ele precisa atuar no mais alto nível e aprender rapidamente.
Embora não tenha conquistado títulos de grande expressão como piloto, Marco se destacou por sua experiência e conhecimento técnico em automobilismo, o que o levou a fundar sua própria equipe de corrida. No documentário, fica evidente a inspiração que Kimi tem com o pai, bem como a relação de carinho que um tem pelo outro. Eles possuem momentos a sós que reforçam esse afeto e mostram que o amor e interesse pelo automobilismo está interligado com a história e ensinamentos de seu pai.
No entanto, o que faz falta, é a história de Kimi e de Marco como contexto. Para quem acompanha a F1 e outras ligas voltadas para o automobilismo, sem dúvida sabem de onde Kimi veio e quem é seu pai. Todavia, no curta, suas histórias são contadas de forma rasa e rápida. Dessa forma, não há identificação e aproximação com o público, o que torna o conceito do docudrama menos denso, tendo aspectos dramaturgos apenas no que se propõe: a entrada de Antonelli à Mercedes.
As cenas em família com Antonelli trazem sensação de conforto em um entardecer. Mostram ele para além de um piloto. Perto de chegar ao final do curta, Wolff e a equipe da Mercedes ficam de escanteio, pois o destaque de Antonelli, mesmo que com cenas de seu passado sendo moderadas e rasas, se sobressai por meio de sinceridade, empenho e amor em família.
Os treinos para Antonelli ter sua estreia definitiva no treino livre também são pontos de tensão para o piloto. E, mesmo após o acidente, em seu primeiro Grande Prêmio, na Austrália, no início de 2025. Nele, Kimi Antonelli terminou em quarto lugar na corrida principal, logo atrás de seu companheiro de equipe, George Russell. Foi uma estreia sólida, que não foi mostrada no documentário em detalhes, apenas com um epílogo textual. Seria interessante se essa parte fosse abordada em cenas, como as outras, pois os detalhes trariam uma reviravolta após toda a dramatização e dor mostrada em Monza.
As conversas e os “prints” do WhatsApp são mostrados antes da decisão de Wolff, e foram precisas para recordar a linha do tempo de conversas e reuniões por parte da Mercedes. Esses diálogos aparecem sem atrapalhar o restante do conjunto de cenas, como os poucos registros de Kimi mais novo ou, até mesmo, as cenas voltadas para Wolff e sua equipe, de forma sútil.
O documentário The Seat oferece um olhar profundo sobre a ascensão de Kimi Antonelli à F1, mas não vai além ou retorna aos acontecimentos sobre ele diante desse momento em sua vida. Com uma abordagem voltada ao docudrama, o filme destaca a personalidade de Antonelli, sua determinação e a forma como lidou com desafios ao longo de sua jornada, bem como todos os pontos até escolher Kimi para entrar na Mercedes. Dois lados que se interligam em meio a reflexões estratégicas.
Vou assistir AGORA!!