Antes das luzes se apagarem e ser dada a largada, o que esperar da primeira corrida do ano da Fórmula 1?

Confira o contexto do grid da corrida do GP do Bahrein

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Neste sábado, a Fórmula 1 inicia sua temporada com a corrida do GP do Bahrein. E a questão é: nessa primeira etapa, quem leva a melhor? Com a Pole Position e três campeonatos de piloto consecutivos em mãos, Max Verstappen parece a resposta óbvia. Não é por menos, com o recente histórico de dominância, o piloto holandês tende a ser a aposta mais certeira. Mas ainda existe mais a ser observado. Tanto na ponta, quanto no meio e no fundo do grid.

Naturalmente, o primeiro ponto a se destacar e se explicar é que Verstappen não chegou a ser o mais rápido nos treinos livres, pelo contrário, seu melhor resultado foi um terceiro tempo no TL3 (atrás de Carlos Sainz, que ficou primeiro, e Fernando Alonso, em segundo). Acontece que, apesar dos treinos serem momentos importantes, não é preciso abrir o jogo no treino, nem dar as melhores voltas possíveis. Treinos não precisam passar de treinos e não necessariamente são provas de desempenho para o telespectador.

Ainda assim, o resultado de um carro em treinos pode sim refletir suas condições, mas levando em consideração a classificação e o histórico da Red Bull desde 2022 - quando aconteceu a última grande mudança de regulamento, parece improvável que a equipe apareça na corrida com um carro que chega no máximo em P3 como nos treinos. Ou pior, no caso de Sergio Pérez, no máximo em P8 - resultado do mexicano no TL3. Na classificação, Pérez terminou em P5.

Logo em seguida no grid, vem Charles Leclerc, que larga em segundo. O piloto da Ferrari chegou, inclusive, a marcar volta mais rápida que a volta que deu a Pole ao Verstappen, acontece que esse tempo de Leclerc foi no Q2, o que nada vale no Q3. De qualquer forma, a disputa promete - lógico, só caso Verstappen já não abra uma vantagem imensa logo de cara, como já aconteceram outras vezes. Ou, contrariando o histórico recente, caso Leclerc dispare na frente.

O ponto é que, quando em condições pelo menos próximas, Verstappen e Leclerc entregam disputas acirradas na pista. A experiência é grande, os pilotos se enfrentam desde o kart, e a sede por vitórias não parece ter diminuído. Entretanto, para além dos carros e das habilidades individuais de cada piloto - as quais não pretendo confrontar nesse texto, outro fator separa Verstappen e Leclerc: a equipe.

Quando digo “equipe” me refiro a mais que o nome “Ferrari” ou o nome “Red Bull”. Não é difícil notar que a execução do trabalho extra-piloto tem sido bem distinta. Enquanto, por um lado, Max Verstappen passou a última temporada com o suporte de estratégias certeiras e pit stops adequados, por outro, não foram raras as vezes em que o plano oferecido a Leclerc acabou não sendo o melhor, ou que uma parada que deveria durar de 2 a 3 segundos passou disso. 

A Ferrari também acertou no último ano? Sim. Mas numa dimensão bem menor que a Red Bull. Por isso, num cenário em que haja disputa recorrente entre ambos durante a corrida, é possível - e talvez até provável - que a decisão fique numa estratégia, num pit stop, ou num erro - e, diga-se de passagem, assim como a Ferrari concluiu a temporada passada com mais erros que a Red Bull, Leclerc a concluiu com mais erros que Verstappen

Para além de Leclerc, o outro piloto Ferrari, Carlos Sainz, não larga muito atrás. De aviso prévio, o espanhol parte de P4. E já que os treinos não precisam abrir o jogo das equipes, mas podem sim evidenciar o desempenho, cabe ressaltar que Sainz fez o décimo primeiro melhor tempo no TL1, o quarto melhor tempo no TL2 e o primeiro no TL3; na conta simples, uma crescente. Na conta em que os jogos não estão abertos, mais uma variável.

Outras equipes que se destacaram do meio para a frente do grid são Mercedes, McLaren e Aston Martin - ou pelo menos Fernando Alonso. Da Mercedes, Russell larga em P3, posição propícia à disputa pela ponta, por outro lado Hamilton larga de P9, logo atrás da quarta fileira, ocupada pela McLaren. Norris sai de P7, Piastri sai de P8, uma disputa interna pela equipe papaya é no mínimo esperada. Alonso, por sua vez, larga em P6, com duas Ferraris, duas Red Bulls e uma Mercedes à sua frente.

Quem fugiu à regra e impressionou positivamente na classificação foi Nico Hulkenberg, que larga em P10. Lógico que para equipes que estão recorrentemente na ponta, isso não soaria como nenhuma grande vitória, mas não é o caso. A equipe de Hulkenberg, Haas, terminou a última temporada na última colocação, com apenas 12 pontos somados pelos 2 pilotos ao longo de toda a temporada. Com a posição de largada garantida, o desafio deve ser mantê-la ou tentar melhorá-la, em outras palavras, ter ritmo de corrida.

Depois disso, o grid tem sua parte sem surpresas. Tsunoda em P11, Stroll em P12, Albon em P13, Ricciardo em P14, Magnussen em P15, Bottas em P16, Zhou em P17 e Sargeant em P18. Com apenas uma exceção, são carros que pelo menos desde o ano passado já ocupavam a segunda metade do grid. Quem foge à regra é Lance Stroll, que pilota para a Aston Martin, equipe que foi a quinta colocada no campeonato dos construtores em 2023.

Para completar o grid, a Alpine mostra uma alarmante queda caso o desempenho se confirme tão pouco. A equipe francesa, que ficou com a sexta colocação no último campeonato, não conseguiu mais que P19, com Esteban Ocon, e P20, com Pierre Gasly. Não seria a primeira decadência da equipe, que em 2023 já caiu duas posições em relação a 2022, quando terminou o ano com a quarta maior pontuação do grid.

Para além desses fatores, sempre existem outras variáveis. Qual pneu é melhor? Quem vai administrar melhor o desgaste? Como vai estar o vento? Essa última pergunta é especialmente importante no GP do Bahrein, já que lá a pista foi construída em meio ao deserto, e a areia que chega à pista atrapalha na aderência. Por fim, apesar dos palpites, de cada talvez e de todas as possibilidades - e probabilidades - o que vale mesmo é a corrida, que acontece neste sábado, às 12h (horário de Brasília). A transmissão fica por conta da Band (incluindo BandSports e BandPlay) e da F1TV.

[Imagens: Reprodução]