Entre corridas e clichês: Joseph Kosinski traz a essência do automobilismo em F1
- Giovanna Pavan
- 10 de jul.
- 4 min de leitura
Novo longa do diretor norte-americano condensa ação, drama, romance e rivalidade em meio a anseios
![[Brad Pitt estrela em F1 / Créditos: Warner Bros.]](https://static.wixstatic.com/media/f20bb4_a103577ab60e4a8485217b3aea2d8a5a~mv2.png/v1/fill/w_900,h_600,al_c,q_90,enc_avif,quality_auto/f20bb4_a103577ab60e4a8485217b3aea2d8a5a~mv2.png)
Dirigido por Joseph Kosinski, conhecido por Top Gun: Maverick, e estrelado por Brad Pitt, F1 traz uma imersão cinematográfica pela história da Fórmula 1, combinando o real com a fantasia. Gravado durante GPs reais em circuitos como Silverstone, Las Vegas e Abu Dhabi, o filme acompanha a jornada de Sonny Hayes, um ex-piloto que retorna às pistas após décadas afastado, com a missão de ascender a fictícia equipe ApxGP nas corridas.
Na trama, Sonny retorna não apenas como competidor, mas também como parceiro de equipe do jovem e impulsivo Joshua Pearce (Damson Idris), em uma relação de rivalidade e aprendizados. Enquanto enfrenta o seu passado, Sonny precisa provar que ainda pode desafiar a nova geração — e que o automobilismo é mais do que números e contratos: é paixão, coragem, instinto e a insaciável vontade de vencer.
A partir disso, a participação de pilotos como Max Verstappen, Lando Norris e Lewis Hamilton, a citação de grandes nomes importantes para o esporte como Ayrton Senna e Michael Schumacher, e o direito de uso das escuderias da liga esportiva oficial, se colocam como pontos altos para quem acompanha o esporte a motor. Essa linha tênue entre a realidade e a ficção traz margem para construir, inventar coisas novas e englobá-las ao que já se conhece.
![[Pilotos da Formula 1 em novo filme / Créditos: Warner Bros.]](https://static.wixstatic.com/media/f20bb4_681646f90d194832a434ada59aacfcab~mv2.jpg/v1/fill/w_959,h_719,al_c,q_85,enc_avif,quality_auto/f20bb4_681646f90d194832a434ada59aacfcab~mv2.jpg)
Por outro lado, as cenas dos pódios, gravadas em GPs reais, foram muito rápidas e apressadas, como se não se conectassem ao restante do filme. Todavia, a produção de F1 tinha a autorização para gravá-lo em meio às corridas da Formula 1, o que poderia ter sido melhor aproveitado para, assim, pertencer ainda mais à ambientação do longa.
A trilha sonora, produzida por Hans Zimmer, eleva os momentos de tensão e emoção nas corridas, onde Sonny se vê em uma rota de superação mediante ao acidente que sofreu durante uma disputa com Ayrton Senna, o que o fez abandonar a Formula 1 após o ocorrido. Os sons eletrônicos modernos e batidas pulsantes refletem a adrenalina nas competições, com o uso de cordas de instrumentos sinfônicos, sintetizadores e percussão para transmitir a tensão e anseios vistos principalmente no protagonista.
Com o piloto Lewis Hamilton na produção, o filme conta com referências a Senna em aparições em corridas com sua McLaren e seu capacete amarelo, bem como ao acidente nos treinos para o GP da Espanha em 1990, com o piloto inglês Martin Donnelly, que é adaptado para o acidente de Sonny. Há também referências da personalidade de Ayrton Senna no protagonista, combinando seu olhar destemido e técnico, bem como sua disciplina com exercícios físicos em equipe antes das corridas na personalidade dele.
Entre os momentos de ação, há os clichês de cinema. O romance entre Sonny e Kate, a engenheira de sua equipe, é mais do que previsível, desde a primeira troca de olhares entre eles no box, quando o veterano fazia seu teste para entrar na ApexGP. A implicância, química e tensão entre os personagens é boa, mas são elementos esvaídos diante de todo enredo do filme. Um longa de ação pode ser eloquente sem romances. E F1 não precisava de um, mas por ser sustentado por boas atuações, não chega a ser um clichê caricato.
Nesse sentido, há a falta de representatividade feminina no filme, visto que a única personagem que ganha destaque é Kate, mas seu intelecto não é tão explorado quanto seu viés de par romântico do protagonista.
Outro clichê pode ser visto a partir do investidor da equipe, Peter Banning, um vilão com motivações rasas e óbvias, com desenvolvimento superficial e sem nuances. O que mostra a rivalidade sendo tratada de forma binária: heróis carismáticos vs. vilões egocêntricos.
Apesar disso, as atuações de Brad Pitt e Damson Idris se mostraram potentes juntas, com carisma, tensão e uma rivalidade dramática que se torna uma amizade sincera, de modo natural ao longo do enredo. Sendo assim, a dinâmica entre o veterano em busca de superação e o jovem impulsivo em ascensão se sobrepõe à narrativa, elevando o filme além dos clichês e tornando a jornada dos personagens tão envolvente quanto qualquer disputa na pista.
![[Brad Pitt e Damson Idris em F1 / Créditos: Warner Bros.]](https://static.wixstatic.com/media/f20bb4_40ae65ac555141ad96da8abf2502fee0~mv2.png/v1/fill/w_768,h_512,al_c,q_90,enc_avif,quality_auto/f20bb4_40ae65ac555141ad96da8abf2502fee0~mv2.png)
Embora as manobras nas pistas desafiem a lógica das corridas reais, indo contra a aerodinâmica e a segurança nas pistas, o filme não tenta imitar os famosos domingos de corrida — ele os reinventa. No fim, F1 é menos sobre precisão técnica e mais sobre emoção, entregando uma experiência que homenageia o esporte enquanto o transforma em espetáculo cinematográfico, sem se importar com as regras e sim com a nostalgia e os sonhos que o esporte move. Se considerar isso ao assistir, o longa pode ser emocionante e cômico não só para quem acompanha o esporte.
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