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O percurso de Moara Sacilotti no Rally dos Sertões

Em entrevista, a piloto relembra sua história, revela expectativas para edição de 2024 e fala sobre futuro sobre rodas


Moara Sacilotti encara, pela vigésima quarta vez, os desafios do Rally dos Sertões. Entre a pressão da competição, dos demais competidores e as dificuldades de uma mulher ao entrar no esporte a motor, Moara busca, mais uma vez, tirar o melhor da disputa. Com uma vitória em 2022 e um terceiro lugar em 2023, a piloto não hesita em afirmar que as expectativas são altas para edição de 2024, e diz: “Quero vencer novamente! Estou preparada para isso, e farei a minha parte”.


[Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal de Moara Sacilotti]


O trajeto da edição de 2024 do Rally dos Sertões pretende percorrer 3704 km até sábado (31/08). Entre os desafios do percurso, Moara Sacilotti cita um trajeto que, conforme o previsto, é mais rápido que os anteriores e retas que enganam ao fazerem o caminho parecer mais simples. A piloto conta que não é tão fácil quanto dizer que “nas retas qualquer um acelera”, e que isso há de ser um desafio maior, ela explica: “É complicado para mim, já que, com 53 kg, não consigo passar de 150 km/h, mas tenho certeza que será uma prova desafiadora, e que teremos sim trechos que exigem mais da pilotagem e da navegação”.


Para que seja possível correr por 8 dias seguidos e mais de 3 mil quilômetros, é preciso muito preparo. Sacilotti conta que, para ela, a preparação é constante, ainda que, lógico, se intensifique nos meses que antecedem a prova. Depois de uma edição do Sertões, Moara analisa tudo o que fez na prova, passando pelos detalhes positivos e negativos, uma tentativa de encontrar o que deve repetir futuramente e o que não. Depois disso, a piloto tira cerca de 10 dias de férias e volta aos treinos, especialmente à academia.


Moara conta que os treinos direcionados ao Sertões iniciam em janeiro, e explica: “A periodização é a chave do sucesso, para estar na melhor condição física, mental e técnica na época certa”. Por isso, a competidora frequenta a academia de 3 a 4 vezes por semana e treina com a moto 1 ou 2 vezes no mesmo período, seja em pistas de motocross ou em estradinhas pouco movimentadas pelas Serra da Mantiqueira ou da Bocaina.


[Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal de Moara Sacilotti]


Fora os desafios específicos de cada edição do Rally dos Sertões, toda participação feminina no esporte a motor já é, em essência, uma quebra de barreira, um desafio à parte. Quando Moara começou no Rally dos Sertões, em 1998, ela era a única mulher da competição nas motos. Até a edição de 2024, muitas coisas mudaram. A piloto conta: “Quando eu comecei, nenhuma mulher tinha corrido o Sertões de moto. Eu era um ET no meio dos caras! Ano após ano, outras mulheres foram entrando nesse mundo, não só para pilotar motos, mas também carros, como navegadores, chefes de equipe. Hoje, a CEO do Sertões é uma mulher [Leonora Guedes]”.


Além de Moara Sacilotti, Janaina Souza também compete na moto durante a edição de 2024 do Rally dos Sertões. Levando em consideração toda a participação feminina na competição, que não se restringe às pilotos, Moara acrescenta: “Acredito que o Rally acompanha a evolução mundial de respeito ao trabalho feminino. Conquistamos nosso espaço, mesmo que ainda sejam só duas no grid das motos em 2024”.


Mais que participar e construir sua própria história no esporte a motor, Moara Sacilotti se mostra empenhada em trazer cada vez mais mulheres para o meio. A piloto faz parte do projeto MUSA (Mulheres Unidas Sertões Adentro), criação de Helena Deyama, e diz que o movimento foi criado exatamente para incentivar a participação feminina no rally. Tendo acompanhado de perto as mudanças da participação das mulheres nos Sertões, Moara declara: “Ano a ano, estamos ganhando espaço, respeito e vendo crescer o número de mulheres no esporte a motor!”.


[Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal de Moara Sacilotti]


Para além dos desafios que uma mulher enfrenta no esporte, todos que participam de competições precisam lidar com a pressão da disputa e dos oponentes. Para Moara, que já tem um histórico vitorioso no Rally, a expectativa vem junto. Levando em consideração sua trajetória, Moara conta: “No começo da carreira eu tinha que provar que era capaz, era uma pressão enorme só o fato de ter que completar um rally. Aos poucos, com os resultados mais expressivos, veio a pressão pela vitória. Então acredito que a pressão sempre existe, muda um pouco o contexto, mas sempre vai existir”. Além disso, a piloto diz que, com o tempo, aprendeu que uma grande pressão vem dos concorrentes, mas afirma otimista: “Eles que lutem para ganhar de mim!”.


Pensando em pressão e desafios da competição, parece natural associar as dificuldades aos oponentes, às disputas do esporte. Estes de lado, Sacilotti revela que o maior desafio, na verdade, é lidar com a pressão interna. Nas palavras dela: “Eu me cobro muito, sou exigente demais comigo mesma, e isso é mais difícil de encarar do que a pressão externa, de patrocinadores e público. Venci o Sertões, quero vencer de novo!”. Falando em patrocinadores, ela aproveita e acrescenta: “Se puder, gostaria de agradecer meus patrocinadores: Baterias Pioneiro, Pirelli, Bieffe, Toro Sports, Motul, Caminhos das Serras e Just Whey”.


[Imagens: Reprodução/Arquivo Pessoal de Moara Sacilotti]


Apesar dos desafios e mesmo já sendo vitoriosa na competição, Moara Sacilotti não abandonou o Rally dos Sertões. A piloto explica que o que a mantém no esporte é viver seu sonho, nas palavras dela: “Quando criança, se alguém me perguntasse o que eu queria ser quando crescer, a resposta era única: piloto. Então acredito que estou vivendo meu sonho, construindo minha carreira, mesmo que já esteja nesse mundo há taaaaantos anos”. Moara, que teve sua primeira pequena moto aos 7 anos de idade, se mostra então apaixonada pelo que faz, e acrescenta: “Amo pilotar motos, adoro ter que me dedicar a isso como atleta. E que sorte que posso fazer isso de forma profissional. Então, continuo, mesmo com todas as adversidades e riscos que envolvem esse esporte”.


Ao final da entrevista, enquanto reflete sobre seu histórico no Rally dos Sertões, Moara Sacilotti fala também sobre suas próximas pretensões na competição. “Lá no passado, eu achava que correria um Sertões só. Pouco tempo depois, já estava tão envolvida nisso que criei a meta de correr 10 vezes. Mas na 10ª participação eu caí e não consegui completar. Então fiz a nova meta de correr 15. O 15º Sertões chegou muito rápido, e resolvi parar de contar! Após o 19º eu decidi me aposentar. Mas não consegui, então agora eu continuo competindo até quando Deus quiser, ou o meu corpo aguentar!”, declara a piloto. Assim, Moara Sacilotti constroi seu trajeto no Rally dos Sertões, com um passado já histórico, um futuro ainda não percorrido, e um presente que continua sendo a realização do sonho da pequena - agora grande - piloto.


[Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal de Moara Sacilotti]

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